O PAPEL DO PROFESSOR COORDENADOR NO PROCESSO PEDAGÓGICO
Estimular o trabalho em equipe
Uma primeira questão deveria
ser levantada com os professores coordenadores, fazê-los lembrar
de que vão desempenhar um novo papel que já não é
o de professor ainda que esteja ligado por laços de afetividade
aos colegas.
Seu papel passa a ser bem diferente,
voltado para a orientação e cobrança (no bom sentido)
de resultados. E assim deve ser compreendida as funções
do Professor Coordenador pelo Corpo Docente.
A primeira grande tarefa do Professor
Coordenador, nos parece, deve ser a de aglutinar os antigos colegas num
trabalho de equipe, condição essencial para a melhoria do
fazer pedagógico em sala de aula. Deve, pois deixar claro os objetivos
comuns da escola, rememorando o compromisso assumido na elaboração
do Projeto Pedagógico e do "Plano Escolar".
Em busca de melhores resultados
Primordial será analisar o
desempenho de professores e alunos nos dois primeiros bimestres e ao lado
da direção propor ações efetivas para melhorar
esse desempenho, pois não será preciso "queimar as
pestanas" para concluir que em média, o aproveitamento nas
escolas públicas estaduais, de acordo com avaliações
externas, não é dos melhores.
Detectados os índices de reprovação
nas várias disciplinas será importante discutir esses resultados
tanto em conjunto como individualmente com os professores.
A troca de informações
com os professores envolvidos com os baixos índices de aproveitamento
se mostra imprescindível a fim de que conheça em profundidade
as características desses docentes, entre as quais sua inclinação
e vontade em remodelar seu trabalho, o grau de interesse pela aprendizagem
do alunado, com vistas ao melhor desempenho nos bimestres que se seguirão.
Esta entrevista servirá como uma troca de informações
objetivando a implementação de ações necessárias
a melhoria do trabalho em sala de aula, propondo-se, se for o caso, alterações
metodológicas posto que as utilizadas até o momento mostraram-se
ineficazes frente aos resultados, até o momento, obtidos. Do lado
do professor, haverá "N" justificativas indo, da falta
de pré-requisitos à conduta negativa do aluno em sala de
aula, justificativas essas que afinal são um convite ao imobilismo
e a manutenção do "status quo", mesmo porque muitos
são incapazes de exercer auto-crítica sobre a sua atuação
no desenvolvimento dos conteúdos e no relacionamento com o alunado.
Há que haver um esforço
do Professor Coordenador no sentido de reestimular o docente envolvido
com maus resultados para o compromisso de tentar novas formas de trabalho
capazes de alterar os rumos do processo. E uma vez conseguido tal compromisso,
será imprescindível da parte do Professor Coordenador acompanhar
essas ações para que tudo o que se replanejou, não
se perca nas boas intenções momentâneas (muito comum
nas escolas públicas, nas quais se elaboram excelentes planos escolares
para serem esquecidos algumas semanas depois de iniciando o ano letivo).
Discutir com os professores a questão
da assiduidade e buscar razões do excesso de falta de muitos às
aulas é uma tarefa a ser levada adiante quando se pretende a melhoria
do trabalho dos pouco assíduos (sob muitos aspectos uma das principais
causas do mau aproveitamento da classe, dada a descontinuidade do processo
pedagógico naquela disciplina).
O acompanhamento do processo
Quanto ao acompanhamento dos conteúdos
planejados, deve o coordenador não só baseá-lo no
registro existente nos diários, mas também louvar-se no
caderno dos alunos, fonte essencial para saber como andam as classes em
relação àquilo que o docente se comprometeu a desenvolver.
Procedimento esse acordado com os professores, evidentemente, para se
evitar a idéia de fiscalização do trabalho docente.
Se considerarmos ser a aprendizagem
algo cumulativo, cujos conteúdos devem estar interligados ao longo
do curso, o não cumprimento do que se planejou, provocará
lacunas irreversíveis na aprendizagem, o que não sucederia
se o problema fosse detectado a tempo.
Muito poderá fazer o Professor
Coordenador pelo aperfeiçoamento dos docentes nas HTPCs e Reuniões
Pedagógicas selecionando textos, mormente os que tratem de metodologia
para o desenvolvimento dos conteúdos, das quais se ressentem muitos
docentes acostumados a trabalhar apenas com questionários (à
guisa de síntese das unidades) e excessivo uso do livro didático
que, de simples material de apoio, vem se transformando em peça
essencial do trabalho em sala de aula.
Cabe ao Professor Coordenador oferecer
tanto quanto possível material para a leitura do grupo, que será
tanto mais eficaz quando se relacionar ao dia-a-dia dos professores nas
diferentes áreas e disciplinas cujos resultados da leitura e discussão,
cheguem realmente à sala de aula.
Por meio dessas leituras e discussões
se estaria fazendo, até mesmo, um verdadeiro treinamento em serviço,
desde que o Professor Coordenador acompanhe passo a passo a aplicação
daquilo que resultou dos debates do grupo sobre determinadas matérias
interessantes a melhoria da qualidade das aulas nas disciplinas nas quais
se observam defasagens graves.
A importância da pauta do
HTPC
Relevante será para o Professor
Coordenador organizar, previamente a pauta das HTPCs que se constituirá
em prática eficiente para evitar improvisações provocando
críticas da parte dos envolvidos, colocando em cheque o trabalho
do Professor Coordenador, mormente quando alguns professores realizam
o HTPC a contragosto.
Evitar os famosos "quebra galhos"
para as HTPCs é mais uma tarefa do Professor Coordenador. Fazer
de conta que a HTPC está sendo realizada, quando os professores
inscritos se encontram dispersos por diversos horários e até
em janelas é o primeiro passo para desacreditar esse importante
momento pedagógico.
Atuando sobre as avaliações
Outra atividade de suma importância
nas HTPCs é a constante análise das avaliações
que serão aplicadas aos alunos. Neste aspecto seria relevante que
os professores coordenadores solicitassem dos docentes os critérios
de avaliação, os instrumentos utilizados no bimestre e cópia
das provas para que se possa analisá-la em conjunto para saber
dos propósitos dos docentes ao elaborá-las, se as questões
estão voltadas para a introjeção de conceitos básicos
e habilidades dentre outras questões que cercam as avaliações.
A prática nos demonstra que,
entre muitos docentes, as provas constituem um mero amontoado de questões
nas quais os objetivos não se expressam claramente, nas quais os
conceitos básicos e habilidades a serem avaliadas não ganham
relevância.
Lutar pela introdução
de variados instrumentos de avaliação no fazer do docente
constituirá importante contribuição do Professor
Coordenador para a melhoria do desempenho dos professores e alunos.
Atuando sobre as recuperações
O mesmo se poderá dizer das
recuperações cujas provas devem ser arquivadas para evitar
problemas ligados a eventuais recursos dos pais após a avaliação
nas séries terminais, ou seja, 4ªs e 8ªs séries.
As HTPCs e Reuniões Pedagógicas
ensejarão ao Professor Coordenador orientar o corpo docente no
sentido de fazê-lo compreender que a recuperação não
constitui mera repetição dos conteúdos não
apreendidos, mas um novo momento no qual se aplicarão métodos
diferenciados para atingir os objetivos propostos pelo professor.
Discutir novas metodologias implicará
para o Professor Coordenador buscar fontes de informações
para se equipar. Neste aspecto cabe à Secretaria da Educação
providenciar sérios treinamentos para alguém que foi jogado
ex-abrupto num contexto pedagógico eivado de problemas os quais
já seriam difíceis de serem enfrentados até mesmo
por um especialista.
A contínua análise
dos resultados
Dispondo de 40 horas semanais haverá
tempo para que os Professores Coordenadores elaborem gráficos de
aproveitamento das séries a fim de levar aos professores informações
fundamentais sobre o desempenho dos alunos em todas as disciplinas para
sistematicamente discutir esses resultados com os docentes buscando, sempre,
novas soluções para o aprimoramento das avaliações.
Por outro lado, nada impede ao Professor
Coordenador manter contacto direto com as classes e alunos em dificuldades
transmitindo-lhes orientações para melhor estudarem determinadas
disciplinas.
Será mais uma contribuição à melhoria do ensino-aprendizagem,
se todos se congregarem, numa verdadeira equipe para atingir objetivos
comuns.
Mas as reflexões expostas, dir-se-ia,
se dirigiriam a profissionais absolutamente equipados para o fazer ligado
à coordenação, o que não é o caso.
Muitos dos designados, infelizmente,
não possuem formação pedagógica específica
para a função de Coordenador Pedagógico que irão
exercer, sob a denominação de Professor Coordenador.
Contudo esta é a realidade que
lhes foi imposta pela SE, cabendo a ela dar aos professores coordenadores
condições reais para bem exercer o seu "metier",
o que não parece fácil.
Treinamentos periódicos serão
necessários para que os professores coordenadores se conformem
as necessidades de uma escola extremamente necessitada de um profissional
capaz auxiliar concretamente na melhoria da qualidade de ensino dos Ciclos
I, II e Ensino Médio.
De nossa parte desejamos boa sorte
aos professores-coordenadores auspiciando-lhes entusiasmo, abnegação
e um desejo sério de se auto-aperfeiçoarem num trabalho
que, pelo visto, sempre almejaram uma vez candidatando-se a uma função
extremamente espinhosa que é a de Professor Coordenador.
Luiz Gonzaga de Oliveira Pinto
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